O financiamento climático é o tema mais sensível da COP 30. Segundo o Banco Mundial, os países em desenvolvimento precisam de mais de US$ 2,4 trilhões por ano até 2030 para cumprir suas metas de redução de emissões e adaptação às mudanças do clima. No entanto, menos de 20% desse valor é efetivamente acessado.
Na conferência de Belém, o Brasil busca protagonismo ao propor modelos de financiamento misto (blended finance), que combinem recursos públicos, privados e multilaterais. A meta é garantir que o capital verde chegue a municípios, pequenas empresas e cooperativas que ainda estão fora do radar dos grandes investidores.
Para a Sustentalli, o desafio central está na governança dos dados. “O acesso a fundos climáticos depende da capacidade de comprovar resultados socioambientais de forma estruturada, auditável e comparável”, explica Helenice Almeida, vice-presidente da cooperativa.
Ferramentas como diagnósticos de maturidade ESG, inventários de emissões e relatórios alinhados às normas IFRS S1 e S2 tornam-se requisitos básicos para que organizações brasileiras possam acessar programas como o Fundo Verde para o Clima (GCF) e o Fundo de Perdas e Danos (Loss and Damage Fund).
A COP 30 deve consolidar o entendimento de que governança e transparência não são custos, mas condições de confiança. O Brasil tem a oportunidade de se firmar como ponte entre o capital internacional e as soluções de impacto local que realmente entregam resultado.