Produtores do noroeste paulista colhem safra de quiabo

Publicado em 20/02/2022 por G1

O quiabo é uma planta trazida para o Brasil pelos africanos que foram escravizados. Em São Paulo, ele é muito plantado na região noroeste, onde o clima é mais favorável e a colheita pode ser feita o ano todo. Na linguagem dos produtores, o verão é o período das águas, época não só de plantio, mas também de colheita. Por isso, a expectativa de Diego Moacir Lemes, dono de lavoura, é colher cerca de 1,5 mil caixas em cada um dos dez hectares plantados. São pelo menos 20 pessoas trabalhando e elas chegam a colher 216 quilos da fruta por dia. Cada caixa é vendida, em média, por R$ 50. "Devido à seca, a oferta diminui, nem todas as áreas são irrigadas de quiabo e a gente consegue agregar um valor melhor devido à irrigação por gotejamento, que o custo já é menor, o consumo de óleo diesel é menor, é aproveitada melhor a água e a gente consegue manter melhor os preços", explica o dono. O quiabo que está sendo colhido atualmente foi plantado em agosto de 2021, no período da seca. Por isso, para garantir uma melhor qualidade do produto, ele teve que investir em adubação e água. Os agricultores da região de Araçatuba (SP) cultivam 316 hectares de quiabo. Em 2021, eles produziram 4,4 mil toneladas. "O quiabo é um pouco mais barato que outras lavouras para plantar, porém, tem que procurar fazer o controle dele visual mesmo, sempre estar ali na roça acompanhando. Água não pode deixar faltar, adubação sempre está em dia por conta da sanidade, as pragas", diz. (Vídeo: veja a reportagem exibida no programa em 20/02/2022) Em Piacatu (SP), onde fica a lavoura de Bruno Matheus Vendrame, ele espera colher 1,2 mil caixas por hectare, uma produtividade maior que a de 2021. O quiabo não tem uma safra certa e o produtor pode colher o ano todo. Na lavoura de Bruno, a colheita deve ir até julho, se continuar com muita chuva e calor, clima ideal para o quiabeiro se desenvolver. Só em Piacatu, a expectativa é que, neste ano, sejam colhidos 80 hectares de quiabo. Em 2020, o município foi o segundo maior produtor de quiabo em todo o estado de São Paulo, mas, nos últimos dois anos, o número de produtores na região caiu 20%. Segundo a Secretaria de Agricultura de São Paulo, a redução teria sido causada pela falta de mão de obra. "Se não tiver quem vá colher, não adianta plantar. Então, é uma cultura que é tudo manual ainda, não tem máquina para colher. A colheita tem que ser dia sim e dia não. Pelo menos um pessoa tem que estar na lavoura colhendo, porque, se passa do ponto de colher, é um prejuízo", diz Bruno. Apesar dos desafios, ele segue apostando nas lavouras. Tanto é que aumentou a área plantada para dez hectares. Acesse + TV TEM | Programação | Vídeos | Redes sociais