Pesquisadores explicam como driblar a escassez de fertilizantes na soja

Publicado em 17/02/2022 por por victor faverin, de são paulo

A escassez de insumos para a produção de soja foi o destaque do segundo painel da Abertura Nacional da Colheita de Soja ? Safra 21/22, nesta quinta-feira (17). O evento ocorreu em Sebastião Leal, no Piauí, na Fazenda Progresso, e contou com o pesquisador da Fundação MT, Leandro Zancanaro, que alertou sobre a falta de fertilizantes, especialmente cloreto de potássio, para a próxima safra.

?Em uma área de fronteira, como o Piauí, o solo tem boas condições físicas, mas é pobre quimicamente. Teremos um cenário de preços altíssimos de fertilizantes ? ou mesmo de escassez ? e precisaremos continuar a corrigir as condições de acidez do solo de abertura, onde houver. Precisaremos fazer o investimento em fósforo, que é o alimento mais restritivo e responsivo em áreas de abertura de Cerrado, e em potássio, que também é bastante limitante?, explica.

Segundo ele, em áreas novas de cultivo, quando submetidas às análises corretas de solo, não há o que fazer senão investir em fertilizantes. ?Porém, em áreas cultivadas há muitos anos, onde já há uma poupança acumulada, a saída é usar o conhecimento agronômico e as corretas amostragens de solo, associadas ao bom histórico de cultivo, para ajustar os nutrientes, como o fósforo, e ajustar o custo e a questão logísticas sem, com isso, comprometer a produtividade a curto, médio e longo prazos?.

Zancanaro ainda destacou que o sojicultor deve se atentar ao significado correto da palavra tecnologia e não se aventurar em ações sem comprovação, especialmente em momentos de falta de produtos. ?Tecnologia é conhecimento com base científica aplicada em uma atividade. O que determina a estratégia de manejo é o conhecimento, ou seja, o produtor deve investir em tecnologias com embasamento científico?, afirma.

Na linha de pensamento de Zancanaro, o engenheiro agrônomo e presidente do Grupo Associado de Agricultura Sustentável, Rogério Vian, afirmou que a agricultura deve ser feita em cima de conhecimento e não de produto. A respeito dos custos dos fertilizantes, ele salientou que o preço do cloreto de potássio e da ureia caíram nos últimos 30 dias, mas a crise entre Rússia e Ucrânia pode voltar a encarecer estes insumos. ?No entanto, podemos utilizar fontes regionais de fósforo e potássio e mesmo de bioinsumos que temos no Brasil para podermos passar por esse momento nebuloso e reduzir custos de produção, que é o mais importante?, declara.

Vian lembrou, ainda, que o agricultor líder em produtividade na safra 2020/21 pelo Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb), o paranaense Laercio Dalla Vechia, com 108 sacas por hectare, faz questão de dizer que não aumentou em nada a dose de insumos para atingir o resultado. ?Ele não dobrou a dose de adubo ou de fungicida. Ele apenas fez com capricho, com manejo, com mix de plantas de cobertura, uso de biológicos na hora certa e semente de qualidade. Às vezes o produtor, na ânsia de aumentar a produtividade, acha que vai conseguir isso com aumento de produtos, mas não é assim. O conhecimento é o maior insumo da agricultura?, salienta.

Durante o segundo painel da Abertura Nacional da Colheita da Soja, o diretor de Conteúdo do Canal Rural, Giovani Ferreira, destacou que é importante lembrar que a agricultura do Piauí é recente, tendo se iniciado há cerca de 25 anos apenas. ?Da safra 17/18 para a safra 21/22, o Matopiba cresceu 12% em volume de produção de soja, enquanto o Brasil como um todo cresceu 10%. Já o Piauí, que é o ?caçula? da produção da oleaginosa na região, teve incremento de 20% nesse intervalo, saindo de 2.5 milhões de toneladas para 3 milhões de toneladas?, destaca.

Ferreira ainda lembrou que a participação do Matopiba na safra brasileira cresceu de 12% para 14% nestes cinco anos.

A Abertura Nacional da Colheita da Soja ? Safra 21/22 foi uma realização do Canal Rural, da Aprosoja Brasil e do Grupo Progresso. Contou, ainda, com os patrocínios da Ihara, Sicredi, Monsoy, CropLife Brasil e Infinity.